Programação
Quarta-feira
21/09/16
20:00 - Palestra de Abertura - Novo Marco Legal da Ciência: possibilidades para a universidade pública.
Palestrantes: Dra. Leila Teresinha Maranho, Dr. Max Ingberman.
Quinta-feira
22/09/16
8:30-9:30 - Palestra: Diferenciação Sexual
Palestrante: Dra. Ana Cláudia Boareto.
9:30-10:00: Coffee-break
10:00 - 12:00 - Sessões de apresentações orais com os alunos do doutorado do Programa
10:00 - 10:20 - Modelos de Estudo da Angiogênese - Aline Maria Stolf
Angiogênese e arteriogênese são termos que referem-se à formação de vasos a partir de outros pré-existentes, a estabilização destes vasos e formação de uma rede vascular. No indivíduo adulto são os principais mecanismos de formação de vasos sanguíneos. Diferem da vasculogênese, que predomina na vida embrionária e é o processo de formação de novos vasos a partir de células progenitoras endoteliais. A angiogênese está envolvida em alguns mecanismos fisiológicos, sendo essencial para a cicatrização e regeneração de órgãos. Também é muito importante no sistema reprodutor feminino, pois está envolvida nos processos de maturação do folículo ovariano, na formação do corpo lúteo, na regeneração do endométrio após o ciclo menstrual, na implantação do ovo e na formação da placenta. A regulação da angiogênese é bastante complexa, envolvendo a participação de diferentes células, fatores de crescimento e quimiocinas. Várias enfermidades estão relacionadas com aumento na angiogênese, dentre elas podemos citar a doença inflamatória intestinal, a osteoartrite, a formação de quelóides e o câncer. A angiogênese é crucial para a progressão das neoplasias, pois a chegada dos nutrientes e oxigênio necessários para o crescimento tumoral é dependente do aporte sanguíneo. A corrente sanguínea também permite que as células cancerosas invadam outros tecidos. Existem também doenças relacionadas com a redução da angiogênese, como por exemplo, a pré-eclâmpsia, a distrofia muscular Duchenne e o desenvolvimento de feridas crônicas. Para o estudo da angiogênese existem modelos in vitro e in vivo. Ensaios in vitro incluem o ensaio da formação de tubo, ensaio de anel da aorta e ensaios de cultivo celular. Ensaios in vivo são melhores do que ensaios in vitro, por causa da natureza complexa da resposta vascular. Os modelos in vivo mais comumente aplicados são implante de esponjas, plug matrigel, angiogênese corneal e saco aéreo dorsal.
10:20 - 10:40 - Fernando Tonholi Dal Lin
10:40 - 11:00 - Felipe Lukacievicz Barbosa
11:00 - 11:20 - Suicídio: envolvimento de alterações na neurotransmissão serotonérgica no espectro suicida - Luiz Kae Sales Kanazawa
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, uma média de 800.000 pessoas cometem suicídio a cada ano, o que contabilizaria aproximadamente um suicídio a cada 40 segundos. É a segunda maior causa de morte na população com faixa etária entre 15 e 29 anos e a décima maior causa de morte na população mundial geral. O espectro suicida inclui desde ideação suicida passiva ou ativa até tentativas de suicídio e o ato fatal do suicídio completo. A ideação suicida e o suicídio completo podem advir de variadas circunstâncias como transtornos psiquiátricos e outras doenças, problemas financeiros, problemas conjugais, uso de substâncias ilícitas, dentre muitos outros. Estudos mostram que alterações na neurotransmissão serotonérgica podem estar diretamente envolvidas na ideação e comportamentos suicidas. Por exemplo, estudos mostram baixos níveis do metabólito da serotonina, ácido 5-hidroxindolacético (5-HIAA), no fluido cerebrospinal em pessoas que tentaram suicídio, além de baixos níveis do 5-HIAA no tronco encefálico de cérebros de pacientes que cometeram suicídio. Outros estudos mostram um aumento da imunoreatividade para triptofano hidroxilase no núcleo dorsal da rafe de pacientes que cometeram suicídio, comparado ao grupo controle, o que indica um possível mecanismo compensatório para os baixos níveis de serotonina. Apesar de várias evidências, existem poucos medicamentos utilizados para transtornos psiquiátricos que possuem uma ação sobre ideação e comportamentos suicidas e que envolvam as vias serotonérgicas. Basicamente, o lítio e a clozapina possuem eficácia nesse contexto, pois além de modularem a neurotransmissão serotonérgica, atuam também diminuindo comportamentos de impulsividade e agressividade, o que também pode estar relacionado com a eficácia dessas drogas. Ironicamente, antidepressivos inibidores da receptação de serotonina não apresentam efeito benéfico nos comportamentos suicidas. Contudo, existem poucos estudos e poucos medicamentos com tais propriedades. Portanto, diante do cenário mundial da questão do suicídio, torna-se relevante a pesquisa para melhor entendimento dos circuitos neuronais e da fisiopatologia de transtornos psiquiátricos em relação aos comportamentos suicidas, além da pesquisa de drogas com propriedades terapêuticas que possam auxiliar na redução dos comportamentos suicida.
11:20 - 11:40 - Será possível substituir animais por métodos alternativos em pesquisa pré-clínica? - Eliana Rezende Adami
A interação dos seres humanos com os animais passou por várias fases e formas, mas em nenhum momento da história os animais foram amparados pela legislação e apoiados pela sociedade na busca de uma revisão do seu status moral. Os dilemas éticos e morais decorrentes dessa interação culminam, atualmente, na direção de se buscar métodos alternativos que visem a redução, o refinamento e a substituição do uso de animais em pesquisas pré-clínica. Enquanto não é possível a sua substituição total, o princípio dos 3R's surge para ponderar e direcionar a conduta de como tratar os animais que estão sob nossa tutela e respeitar ao máximo aqueles que, mesmo contra sua vontade, justificam sua existência para nos ajudar. Dessa forma, os métodos alternativos podem ser adotados como ferramentas complementares aos testes in vivo, bem como, substitutivos à experimentação animal, dependendo do contexto em que estão inseridos. A implementação dos métodos alternativos propostos, como os Organs-on-a-chips, objetiva mitigar conflitos em relação ao uso de animais em pesquisas pré-clínicas, pois sua prática nas diferentes áreas tende a ser insustentável do ponto de vista econômico, ecológico, ético, pedagógico e, principalmente, incompatível com uma postura de respeito e cuidado para com a vida. Para que essa substituição seja equilibrada e ponderada, dada a sua complexidade, todos os aspectos envolvidos na questão devem ser analisados de forma eslética e transdisciplinar, como abordados neste trabalho.
11:40 - 12:00 - Esquizofrenia - Guilherme Frederico Miranda de Lima de Lacerda
É um grupo de severas desordens psiquiátricas, com duração de mais de 50% da vida, caracterizando-se como uma das doenças mais onerosas mundialmente falando, com relação a gastos com tratamento. O curso da doença é heterogêneo e caracterizado por conhecidos sintomas positivos, quais sejam psicoses, halucinações e também déficit cognitivo. Mas há também os sintomas negativos, como estados depressivos, por exemplo. Um conceito que tem ganho terreno é a hipótese do neurodesenvolvimento da esquizofrenia (normalmente com o aparecimento quando adulto), porém, com suas raízes possivelmente residindo em estágios anteriores ao desenvolvimento cerebral. Um dos princípios de que parte este estudo é existir uma interação entre fatores genéticos e ambientais, gerando déficits neurológicos e possivelmente, sintomas esquizofrênicos, que emergem durante a maioridade jovem, e apresentando alterações em regiões cerebrais específicas. Em relação à Epidemiologia, estima-se uma prevalência de 1 em cada 10 pacientes. Emerge normalmente, ao fim da adolescência, com o surgimento coincidente com uma idade mais avançada para as mulheres; porém raro o surgimento antes dos 16 e depois dos 50 anos. A hipótese dopaminérgica tem sido a mais clássica na etiologia da ezquizofrenia. Drogas antipsicóticas exercem antagonismo nos receptores D2 (vale lembrar que até a anfetamina possui a capacidade de causar sintomas psicóticos quando atuam como agonistas D2). Porém, também há evidência na disfunção de neurotransmissores como glutamato e GABA. O tratamento ainda reside em minimizar sintomas e impedimentos funcionais. 1a geração de antipsicóticos (antes chamados de tranquilizantes maiores). Ex: haloperidol e sulpiride. Causam efeitos extrapiramidais por bloquearem os receptores nigroestriatais. 2a geração: quetiapina, olanzapina e risperidona. Bloqueiam receptores D2 e também alguns receptores serotonérgicos.
12:00-14:00: Intervalo para almoço
14:00-15:00 - Apresentações de pôsteres com os alunos de mestrado do Programa
Ananda Beatriz Munhoz Cretella: Avaliação da atividade antiinflamatória do óleo da semente de Moringa oleifera
Moringa oleifera (Moringaceae) é uma planta largamente distribuida em regiões tropicais, sendo popularmente conhecida como "Acácia-Branca" e "Quiabo de Quina". Folhas, flores, casca, raizes e sementes da planta são utilizadas na medicina popular devido aos seus efeitos anti-inflamatórios, antibacterianos e antioxidativos. O objetivo do presente estudo foi avaliar as propriedades antiinflamatórias tópicas do óleo das sementes da Moringa oleifera (OSMO), através de modelos de inflamação cutânea aguda e crônica. O processo inflamatório foi induzido pela aplicação tópica de 12 - O -tetradecanoilforbol-13-acetaton (TPA; 2,5 µg/orelha) na orelha direita de camundongos Swiss fêmeas (25-30g; n= 6). Os animais foram divididos em grupos e tratados tópicamente (aguda e cronicamente) com o OSMO em diferentes doses diluidas em 20 µl de acetona (1; 3; 10 e 20 µg/orelha) e em creme (1 % e 5 %), dexametasona (0,1mg/orelha diluídos em 20 µl de acetona), dexametasona creme 1 % e creme base (veículo). O edema foi mensurado através da diferença da espessura final e basal da orelha. Posteriormente, os animais foram eutanasiados e amostras de tecido (6mm) foram retiradas para avaliação da atividade enzimática da mieloperoxidase (MPO) e N-acetil-β-D-glicosaminidase. (NAG). Os resultados mostraram que a aplicação tópica do óleo da semente da M. oleifera foi capaz de reduzir a formação do edema induzido por TPA nos grupos tratados com as diferentes concentrações e formulações. Sendo as maiores inibições observadas na dose de 20 µg e na concentração de 5%, sendo estas iguais a 69,22 ± 11,4% e 68,25 ± 11,3%, respectivamente. No modelo agudo, a concentração de 1µg e creme a 1% não reduziram significativamente a atividade da MPO, sendo que 3 µg (34,81± 0,8%) 10 µg (55,33 ± 0,4%) e 20 µg (70,08 ± 0,3%), além de creme a 5 % (68,88 ± 0,5%) foram efetivos na redução da atividade desta enzima. No modelo crônico, foram avaliadas as concentrações de 10 µg/orelha e creme 5% de OSMO, neste modelo a concentração de 10 µg foi efetiva em reduzir o edema (47,97 ± 9,1%) e a atividada da MPO (47,27 ± 0,2%) e da NAG (52,98 ± 0,3%). Contudo, os mesmo efeitos benéficos não foram observados nos grupos tatados com creme 5%. Portanto, estes resultados preliminarem indicam uma atividade antiinflamatória do OSMO, o que resalta seu potencial para o tratamento de desordens inflamatórias cutâneas agudas e crônicas.
Bernadete Negrelli: Estudo do efeito do haloperidol sobre a escolha entre respostas com diferentes probabilidades de reforço
A sobrevivência de qualquer animal depende muito da sua capacidade de se localizar no mundo para buscar alimentos, encontrar parceiros e fugir de predadores. A interação entre um ser biológico com seu ambiente gera representações internas do mundo externo orientando para atingir objetivos. Comportamentos reforçados com recompensa tem a tendência de serem repetidos no futuro. Comportamentos que promovem qualquer punição tendem a não se repetirem. O aprendizado depende de respostas a estímulos ambientais conhecidos como condicionamento clássico Pavloviano e condicionamento operante ou instrumental. A neurobiologia do aprendizado através de reforço envolve o sistema dopaminérgico na chamada via mesolímbica. Os níveis de dopamina aumentam no núcleo accumbens quando o animal encontra uma recompensa que não era esperada, maior do que era esperada ou quando se depara com estímulo que prediz recompensa. A dopamina também tem um papel modulatório dos movimentos na via nigroestriatal. Os neurônios dopaminérgicos possuem uma atividade tônica que ocorre através do disparo espontâneo destes neurônios e a atividade fásica, quando ocorre grande liberação de dopamina em resposta a estímulos excitatórios. O aumento de dopamina no estriado ativam neurônios que expressãm receptores D1 e inibem neurônios que expressam receptores D2. Esses neurônios foram as chamadas vias direta e indireta, respectivamente. Há evidências de que ativação da via direta é importante para a escolha de uma ação motora e a ativação da via indireta resulta na inibição de ações inadequadas. Neste projeto vamos testar a hipótese de que o bloqueio de receptores de dopamina pelo fármaco haloperidol afeta expressão de uma resposta comportamental que foi reforçada. Para tanto vamos treinar ratos em labirinto em Y, reforçando com pellets de sacarose a resposta de escolher um dos braços. Após vários dias de treinamento os animais receberão haloperidol e verificamos se isso vai causar uma alteração nas suas respostas.
Bruna Mariana Tartari de Oliveira: Efeito da exposição binge-like de etanol durante a adolescência sobre a hiperalgesia de sickness syndrome
Durante o curso de doenças infecciosas uma resposta adaptativa mediada pelo cérebro e sistema imunológico chamada síndrome de doença se desenvolve levando ao surgimento de sinais como a febre e a hiperalgesia. As alterações a esta resposta podem estar relacionadas com a susceptibilidade a infecções. Considerando o uso nocivo do álcool começa na idade jovem, onde o sistema nervoso ainda é vulnerável, este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da exposição ao etanol, em um padrão binge-like, durante a adolescência, sobre a hiperalgesia induzida pela administração sistêmica de lipopolissacarídeo (LPS). Métodos: Ratos wistar adultos (180 g), receberam diferentes doses de LPS via intraperitoneal (0,5 a 50 µg / kg) e a hiperalgesia mecânica na pata traseira foi avaliada utilizando o anestesiômetro eletrônico von Frey. Numa segunda série de experimentos, etanol 3 g / kg (25% p/ v em soro fisiológico, por via intraperitoneal) foi administrado aos ratos a partir do dia pós-natal 25 (pré-tratados grupo com etanol) ou solução fisiológico no volume equivalente (grupo de controle). Nos dias pós-natal 26, 29, 30, 33, 34, 37, e 38 animais receberam o mesmo tratamento. Para avaliar a resposta de hiperalgesia mecânica tardia, os animais foram divididos em dois grupos para receber uma dose adicional de etanol, por via oral: 1) Doze dias após a exposição binge-like (dia pós-natal 50) ou 2) vinte e cinco dias após binge (dia pós-natal 63). A hiperalgesia foi avaliada no dia pós-natal 51 ou 63, respectivamente, quando os animais foram tratados com solução salina ou LPS (50 ou 5 µg / kg, i.p.). Resultados e conclusão: A administração de LPS, nas doses de 0,5, 5 e 50 µg/ kg em animais normais induz uma redução do limiar de mecânica em uma dose-dependente forma 3 h (7%, 11% e 16%) e 6 h (11 %, 15% e 25%), respectivamente. A exposição ao etanol não alterou a hiperalgesia mecânica induzida por LPS 5 µg/ kg avaliada no dia pós-natal 51. No entanto, aumentou a intensidade da hiperalgesia induzida por LPS em 41%, 21% e 22% em 3, 6 e 24 h, respectivamente. Em contraste, o modelo binge-like já não parece influenciar esta resposta no dia pós-natal 63, uma vez que não alterou a hiperalgesia mecânica induzida por ambas as doses de LPS. A exposição aguda etanol também não alterou a hiperalgesia mecânica induzida por LPS a 50 µg/ kg quando comparado com os animais expostos com solução salina. Estes resultados sugerem que a exposição ao etanol durante a adolescência pode aumentar hiperalgesia mecânica. Estes efeitos eram evidentes para os dias após a exposição ao etanol e depois dissipada. Apoio financeiro: CNPq. Todos os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética Institucional da UFPR (protocolo nº 813).
Camila Pasquini de Souza: Avaliação da diferença sexual em modelo de mania induzida por privação de sono REM em ratos Wistar
O Transtorno de Humor Bipolar (THB) é um transtorno psiquiátrico crônico caracterizado por episódios recorrentes e cíclicos de depressão e mania. O estado maníaco inclui vários e complexos sintomas que incluem a hiperatividade, hiperssexualidade, baixa necessidade de sono e impulsividade. Apesar da prevalência deste transtorno entre homens e mulheres ser semelhante, vários estudos reportam um risco aumentado de desenvolvimento de THB do tipo II e hipomania em mulheres. Sendo assim, há a necessidade de investigar melhor a influência do sexo no estado maníaco em modelo animal. A privação de sono REM produz em ratos um estado temporário de hiperatividade, hiperssexualidade e agressividade, reproduzindo também alterações neuroquímicas como a hiperatividade dopaminérgica e alterações na atividade da enzima PKC, como ocorre em pacientes durante a fase maníaca e tem sido sugerida como um modelo animal de mania. O objetivo desde estudo é avaliar a influência da diferença sexual no comportamento do tipo maníaco induzido pela privação de sono REM. Para isso, machos e fêmeas foram privados de sono REM por 24 horas e suas vocalizações ultrassônicas apetitivas de 50-kHz e atividade locomotora foram avaliados. Fêmeas foram avaliadas em todas as fases do seu ciclo estral. Além disso, um grupo de fêmeas passou por cirurgia de ovariectomia bilateral (ou cirurgia SHAM) 3 semanas previamente, para avaliação comportamental em um modelo de menopausa. A privação de sono REM foi capaz de induzir, tanto em machos quanto em fêmeas, aumento da expressão de vocalizações apetitivas e hiperlocomoção. ANOVA de 2 vias seguido de post-hoc de Newman Keuls mostrou efeito da fase do ciclo nos testes comportamentais, sendo observado que fêmeas privadas de sono REM em pró-estro apresentam um aumento de vocalizações apetitivas tanto em comparação ao seu controle quanto em comparação com as fêmeas em todas as outras fases do ciclo estral. Como a fase de pró-estro é a fase em que há o pico hormonal de estrógeno em fêmeas, estes dados apontam que há uma relevância da fase hormonal nos comportamentos do tipo maníaco em fêmeas.
Eder Gambeta de Andrade: Pregabalina reduz a hiperalgesia mecânica e o comportamento do tipo ansioso em modelo de carcinoma facial em ratos.
O câncer de cabeça e pescoço é altamente incidente na população mundial. A dor e a ansiedade são sintomas comuns dessa condição, e ambos podem reduzir significativamente a qualidade de vida dos pacientes com câncer. O controle farmacológico da dor no câncer é considerado insatisfatório e associado com frequentes e severos efeitos adversos. Além disso, estudos clínicos indicam que transtornos de ansiedade não são diagnosticados e tratados nessa população de pacientes. Por essa razão, estudos são necessários para o melhor entendimento da relação entre a dor associada ao câncer e a ansiedade a fim de fornecer melhores estratégias para o tratamento de ambos os sintomas. Assim, o objetivo desse estudo é investigar a relação entre a hiperalgesia mecânica e o comportamento do tipo ansioso em ratos com carcinoma facial. Mais ainda, investigar a influencia do tratamento com o anticonvulsivante pregabalina, droga com potencial efeito analgésico ansiolítico. Métodos: o carcinoma facial foi induzido pela inoculação subcutânea de células Walker-256 na área de inserção das vibrissas direita de ratos Wistar machos (180-200 g). No terceiro e no sexto dia após a inoculação, a hiperalgesia mecânica facial foi avaliada pela aplicação de uma série de filamentos de Von Frey na área das vibrissas, seguido pela avaliação no teste do labirinto em cruz elevado. Em diferentes grupos experimentais, foi avaliado o efeito do tratamento com a pregabalina (30 mg/kg, v.o.) nos mesmos testes. Resultados: ratos com tumor apresentaram hiperalgesia mecânica facial 3 dias após a inoculação das células tumorais, entretanto não foi observado o comportamento do tipo ansioso. Por outro lado, no sexto dia após a inoculação das células tumorais, os ratos com câncer apresentaram hiperalgesia mecânica facial e comportamento do tipo ansioso. Além disso, o tratamento sistêmico com pregabalina foi capaz de reduzir a hiperalgesia mecânica da 2ª a 4ª hora após sua administração, e apresentou efeito do tipo ansiolítico quando avaliado no labirinto em cruz elevado 2 horas após sua administração. Conclusão: nossos dados indicam que os ratos com tumor facial desenvolvem hiperalgesia mecânica precoce, a qual precede o desenvolvimento do comportamento do tipo ansioso. Pregabalina pode ser um medicamento útil no tratamento dessas duas condições.
Erika Ivanna Araya: Papel dos receptores TRPV1 periféricos e centrais na hiperalgesia ao calor em modelo de diabetes.
O diabetes mellitus é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, resultado de defeitos na ação e/ou na secreção de insulina. A neuropatia diabética periférica (DPN) é uma das complicações mais comuns do diabetes, atingindo cerca de 50% dos diabéticos. A DPN pode ser definida como uma alteração funcional e estrutural do sistema nervoso periférico, comumente associada à dor neuropática. Os nervos sensoriais periféricos podem ser afetados nessa condição, o que pode resultar em dor espontânea ou evocada em forma de alodinia (dor a um estímulo inócuo) ou hiperalgesia (aumento da sensibilidade a estímulos normalmente dolorosos). Existem evidências clínicas de que pacientes com DPN apresentam maior incidência de dor orofacial. Portanto, torna-se importante a utilização de modelos animais de diabetes para o estudo das alterações no processamento nociceptivo no sistema trigeminal associadas a esta condição. Dados prévios do nosso grupo já mostraram que após indução do diabetes por estreptozotocina (STZ) os animais desenvolvem hiperalgesia orofacial ao calor e ao frio que se inicia uma semana após administração da STZ e persiste até a quinta semana (NONES, et al., 2013). No entanto, os mecanimos associados ao desenvolvimento da hiperalgesia térmica neste modelo ainda não foram investigados. Por outro lado, estudos que avaliaram hiperalgesia térmica na pata de animais diabéticos sugerem que receptores de potencial transitório vanilóide (TRPV1) contribuem para o desenvolvimento desta alteração sensorial. Dessa maneira, o objetivo do presente estudo é avaliar a contribuição de receptores TRPV1 expressos nas terminações periféricas dos neurônios sensoriais trigeminais, no gânglio trigeminal e no subnúcleo caudalis para o desenvolvimento da hiperalgesia orofacial ao calor associada ao diabetes em ratos. A estimulação térmica ao calor foi feita pela aproximação de uma fonte de calor radiante na região das vibrissas, e a resposta a este estímulo foi quantificada pelo registro da latência para que os animais afastassem a cabeça do estímulo ou apresentassem movimentação rápida das vibrissas. Os resultados demonstraram que a administração de capsazepina (CPZ, 30μg/50μL e 10μg/10μL), um antagonista de receptores TRPV1, reverteu a hiperalgesia orofacial ao calor em animais após quatro semanas da indução do diabetes, quando administrado por via subcutânea no lábio superior direito, por via intraganglionar ou no espaço subaracnóideo medular. A análise da expressão de receptores TRPV1 por Western Blot revelou diminuição da expressão dos receptores no nervo trigêmeo de animais diabéticos quando comparado aos animais normoglicêmicos, aumento no gânglio do trigêmeo, porém sem alteração no subnúcleo caudalis. Em conjunto nossos resultados sugerem que receptores TRPV1 presentes nos terminais periféricos do nervo trigêmeo, no gânglio trigeminal e no subnúcleo caudalis participam do desenvolvimento da hiperalgesia térmica em animais diabéticos.
Gisele de Oliveira Guaita
Joelle de Melo Turnes: Efeitos da Saxagliptina em modelo animal de Doença de Parkinson induzido por 6-hidroxidopamina (6-ohda) em ratos
Um grande interesse em fármacos que atuam nos receptores de GLP-1 (glucagon like peptide), utilizados comumente como hipoglicemiantes, tem sido observado em pesquisas que investigam tratamentos para a doença de Parkinson. O Exenatide, um agonista dos receptores GLP-1, está sendo testado atualmente na clínica devido aos seus efeitos neuroprotetores verificados em ensaios pré-clínicos, melhorando os sintomas motores e não-motores da doença. Evidências apontam que Inibidores DPP-4 (dipeptidyl peptidase), os quais atuam indiretamente nesses receptores por aumentar o nível da incretina (GLP-1), também mostraram efeitos neuroprotetores. Além disso, o estudo desses fármacos hipoglicemiantes fundamenta-se na descoberta de diversos fatores em comum entre a doença de Parkinson e o Diabetes. O presente estudo tem como objetivo investigar os efeitos da Saxagliptina, um inibidor DPP-4, na doença de Parkinson. Para este fim, foram avaliados a função motora através dos testes de campo aberto e rotarod, o comportamento tipo-depressivo pelo teste de natação forçada e a memória pelo teste de reconhecimento de objetos no modelo animal de doença de Parkinson induzido por 6-hidroxidopamina (6-OHDA) em ratos. Animais pesando entre 280-300 g receberam a toxina bilateralmente na substância negra através da cirurgia estereotáxica e após 24h foram tratados com Saxagliptina (1mg/kg, v.o). Nos testes motores, avaliados nos dias 1, 7, 14 e 21 após a cirurgia, os animais do grupo 6-OHDA (tratados com Saxagliptina e salina) apresentaram hipolocomoção no 1º dia, confirmando a lesão nigroestriatal. No entanto, ambos os grupos se recuperaram no 14 º dia no teste do campo aberto e portanto, o tratamento não melhorou a função motora. O comportamento tipo-depressivo normalmente observado neste modelo animal não foi verificado neste estudo. Em relação ao teste de reconhecimento de animais, realizado no 22º dia, o grupo Sham + Saxagliptina apresentou um declínio cognitivo, assim como os grupos 6-OHDA + Salina e 6-OHDA+ Saxagliptina. Consequentemente, a Saxagliptina promoveu um declínio cognitivo nos animais, não verificado em estudos anteriores onde apresenta uma melhora no aprendizado e na memória. Desta forma, pode-se concluir que o tratamento com Saxagliptina não foi capaz de reverter os parâmetros estudados no modelo da doença de Parkinson. Ademais, a droga piorou a memória dos animais neste modelo. Mais estudos são necessários a fim de elucidar os efeitos desses fármacos na doença de Parkinson e na memória, além de verificar se diferenças entre as gliptinas podem resultar em efeitos farmacológicos distintos.
Leonardo de Castro e Souza: Efeito da agomelatina em um modelo de depressão relacionada a doença de Parkinson
A depressão é um distúrbio não motor recorrente em pacientes com a doença de Parkinson, o tratamento usual utiliza antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. Essas drogas não causam uma melhora significativa em grande parte dos pacientes. A doença de Parkinson é caracterizada pela perda massiva de neurônios dopaminérgicos na substancia negra, e como consequência os níveis de dopamina no estriado são diminuídos. Sabe-se que outras vias são afetadas e desempenham papéis importantes no desenvolvimento de sintomas não motores da doença. A agomelatina é um antidepressivo que atua em receptores de melatonina e serotonina, além de possuir propriedades cronobióticas. Assim, surgiu a hipótese de que a agomelatina possa ser benéfica também na depressão relacionada a doença de Parkinson. Primeiramente foi realizado o Teste do Nado Forçado (TNF), em ratos Wistar naive, para determinar a dose com maior efeito tipo-antidepressivo de agomelatina. Os animais foram divididos em 5 grupos: três grupos foram tratados com agomelatina nas doses de 12,5, 25 e 50 mg/kg; o grupo 4 como controle positivo, recebeu o antidepressivo Imipramina na dose de 25 mg/kg; e o grupo 5, recebeu apenas o veículo da droga. Apesar de ser visto na literatura um efeito tipo-antidepressivo depois da administração aguda da droga, não conseguimos replicar esses resultados. Os tempos de imobilidade dos animais tratados com agomelatina não foram significativamente menores que o tempo do grupo controle como era esperado. Para a avaliação do efeito tipo-antidepressivo da agomelatina no modelo de depressão relacionada a doença de Parkinson, foram realizados o TNF e o Teste de Preferência por Sacarose (TPS). Antes da cirurgia estereotáxica os animais foram submetidos ao TPS basal, e depois o teste foi realizado semanalmente até o 21º dia pós-cirurgia. Os animais foram submetidos à cirurgia no dia 0, onde realizou-se a infusão intranigral da neurotoxina 6-OHDA (leva neurônios dopaminérgicos a morte), e no 22º dia foram submetidos ao teste de natação forçada. Os resultados do TPS foram inconclusivos, era esperado que os animais do grupo 6-OHDA+CMC (lesados e tratados com o veículo) apresentassem uma preferência por sacarose significativamente menor que os do grupo Sham+CMC (falso operados tratados com veículo), replicando o modelo de depressão relacionada a doença de Parkinson, e que os do grupo 6-OHDA+ago50 (lesados e tratados com agomelatina 50 mg/kg) apresentassem uma melhora desse comportamento em relação ao grupo 6-OHDA+CMC, caracterizada pela preferência por sacarose significativamente maior. No TNF, a hipótese inicial era de que o grupo 6-OHDA+ago50 apresentaria um tempo de imobilidade significativamente menor do que os do grupo 6-OHDA+CMC, caracterizando esse efeito tipo-antidepressivo da droga. Mas isso não foi observado.
Marcella Tapias Passoni Pereira da Silva: Investigação dos possíveis efeitos desreguladores endócrinos da dipirona
Muitas substâncias químicas comumente utilizadas pela população, incluindo componentes de cosméticos e de higiene pessoal ou mesmo ingredientes inertes e ativos de medicamentos podem perturbar o funcionamento do sistema endócrino e causar efeitos adversos a indivíduos expostos. A preocupação com a exposição a tais substâncias, conhecidas genericamente como desreguladores endócrinos, é ainda maior para organismos em desenvolvimento, especialmente durante o período pré-natal, quando os hormônios desempenham um papel fundamental no crescimento e diferenciação de muitos órgãos e tecidos, como por exemplo, nos processos de diferenciação sexual masculina. Estudos recentes têm demonstrado que analgésicos e anti-inflamatórios de uso comum como o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno e o paracetamol podem atuar como agentes desreguladores endócrinos anti-androgênicos, inibindo a produção de testosterona pelo testículo fetal. Como os analgésicos são usados com frequência durante a gestação, existe uma crescente preocupação com os possíveis riscos associados à esses medicamentos durante a exposição pré-natal. No Brasil, o analgésico mais utilizado pela população em geral é a dipirona e, embora o uso desse medicamento não seja recomendado na gestação, acredita-se que muitas mulheres utilizem essa droga ao longo desse período. A dipirona foi retirada do mercado nos Estados Unidos e em alguns países europeus devido uma possível associação com agranulocitose e anemia aplástica, o que contribuiu para a escassez de evidências sobre a segurança deste medicamento durante a gravidez. Da mesma forma, não existem dados sobre o potencial desregulador endócrino desse analgésico. Portanto, no presente projeto serão investigados os possíveis efeitos desreguladores endócrinos da dipirona em três modelos experimentais in vivo, que apresentam mecanismos de ação relevantes para a indução de distúrbios reprodutivos e do desenvolvimento: os testes uterotrófico e Hershberger, delineados para avaliar efeitos endócrinos mediados por receptores, e o teste de produção de testosterona testicular fetal ex vivo, que avalia o efeito da substância teste sobre a esteroidogenese testicular fetal. No teste uterotrófico, o crescimento uterino em ratas imaturas é utilizado como indicador da ação estrogênica de uma substância, enquanto o bloqueio do efeito uterotrófico do estradiol é utilizado como indicador de antiestrogenicidade. De maneira similar, o teste de Hershberger consiste na ação trófica da substância teste sobre órgãos andrógeno-dependentes em ratos machos castrados (androgenicidade) e no bloqueio dos efeitos tróficos da testosterona sobre esses órgãos (antiandrogenicidade). Por último, serão testados os efeitos da dipirona sobre a produção ex vivo de testosterona em testículos fetais no dia 18 de gestação, após exposição in utero entre os dias gestacionais 14 e 18, período crítico para a diferenciação sexual andrógeno-dependente.
Maria Carolina Stipp: Efeito antineoplásico da fração solúvel de polissacarídeos de vinho tinto em ratos portadores de tumor Walker-256
15:00-15:30: Coffee-break
15:30-17:30 - Homeopatia
Palestrantes: Dra. Carolina Camargo de Oliveira, Dr. Helvo Slomp Junior.
Sexta-feira
23/09/16
8:30-9:30 - Ciência e Religião
Palestrante: Dr. Erasto Villa Branco Junior.
9:30-10:00: Coffee-break
10:00-12:20 - Sessões de apresentações orais com os alunos do doutorado do Programa
10:00 - 10:20 - Chocolate causa acne - Verdade ou mentira? - Priscila Lúcia Pawloski
O chocolate já foi, e ainda é, considerado um dos possíveis agentes causadores do aumento de acne na pele. Realizando uma busca em diferentes bases de dados com as palavras chave "acne e chocolate" observa-se que existem poucos trabalhos publicados. Dessas publicações, grande parte são estudos clínicos que relacionam o consumo de chocolate com o aumento de acne nos indivíduos. E assim como existem trabalhos que afirmam que o chocolate provoca o aumento de acne na pele, outros estudos demonstram que não existe correlação entre o consumo de chocolate e o aparecimento de acne. Além disso, a maior parte desses estudos clínicos apresentam falhas importantes, como: o tamanho da amostra geralmente é pequeno e pouco representativo; na maioria dos estudos são incluídos apenas homens jovens e adultos, deixando de lado e não considerando fatores como desenvolvimento puberal, ciclo menstrual, obesidade, estresse, estilo de vida, uso de cafeína, tabagismo, dieta e condições médicas que também podem contribuir para o aparecimento da acne. O chocolate como agente potencializador de um problema de pele nos leva a uma análise criteriosa do eixo pele-intestino, onde existe a influência dos alimentos consumidos diretamente na saúde da pele, levando-nos à máxima "você é o que você come". O eixo pele-cérebro-intestino vem ganhando notoriedade e têm se mostrado consistente no envolvimento de diferentes patologias, como por exemplo, no estresse e depressão, em que pacientes apresentam uma microbiota intestinal alterada e geralmente algum problema de pele. Não sendo raro também, pacientes com doenças de pele apresentarem quadros depressivos e alterações da microbiota intestinal. Pesquisas demonstram que os pacientes com acne possuem grande prevalência de problemas intestinais. Entretanto, ainda é desconhecido o mecanismo pelo qual o chocolate influencia no aparecimento da acne. Atualmente é possível encontrar diferentes tipos de chocolates, com diversas concentrações de cacau, e a presença de outros componentes é um fator que poderia exacerbar o aparecimento da acne. Por outro lado, o cacau possui compostos fenólicos, considerados probióticos, que podem favorecer a microbiota intestinal, reduzindo inclusive a expressão de moléculas inflamatórias. A dubiedade de evidências e a possibilidade de diferentes mecanismos suportam uma nova visão sobre a influência dos alimentos na pele.
10:20-10:40 - Reposicionamento de Drogas: Um novo olhar para o passado - Helen de Moraes
O reposicionamento de fármacos está se tornando cada vez mais comum para os acadêmicos e pesquisadores da área de indústria farmacêutica. Esse reposicionamento seria tomar um medicamentos que foi desenvolvido para uma determinada desordem, útil para outra. O número crescente de publicações sobre o assunto vem chamando a atenção desde 2011. Algumas estimativas sugerem que o número de medicamentos reposicionados está aumentando, e poderia ser responsável por cerca de 30% de todos os medicamentos aprovados a cada ano. Uns dos exemplos clássicos de reposicionamento de fármacos é o Sildenafil um medicamento para angina desenvolvido em 1989, que agora é comercializado como Viagra e usado para tratar a disfunção eréctil. Outra é a Azidotimidina, que falhou como um medicamento de quimioterapia, mas surgiu nos anos 1980 como uma terapia para o HIV. Essas descobertas de novos usos para velhos fármacos em parte, é devida ao resultado de avanços na tecnologia, que incluem análise de dados que podem agora descobrir semelhanças moleculares entre doenças; modelos computacionais que podem predizer quais compostos podem tirar proveito dessas semelhanças; e sistemas de rastreio de alta produtividade que podem testar rapidamente muitos fármacos contra diferentes linhas celulares, além disso, quanto mais conexões uma droga tem em comum com uma doença, mais provável é que seja um bom candidato para reposicionamento. Algumas estimativas sugerem que o reposicionamento de drogas seria muito promissor uma vez que custaria em média 300 milhões de dólares e levaria cerca de 6,5 anos, contrastando com o desenvolvimento de novos fármacos que levam de 13 a 15 anos para serem aprovados e custam em torno de 3 mil milhões de dólares.
10:40-11:00 - Participação dos receptores das cininas no modelo de psoríase induzido por Imiquimod - Bruna da Silva Soley
O sistema calicreína-cininas (SCC) é um importante mediador de diversos processos fisiológicos e patológicos. Dentre algumas das atividades biológicas atribuídas a este sistema está a modulação da pressão arterial, vasodilatação, extravasamento plasmático, contração da musculatura lisa e sensibilização de fibras nociceptivas. Além disso, em estados inflamatórios, como na asma, alergia e após a ocorrência de lesões, as cininas são capazes de promover a migração de células inflamatórias do sangue para os tecidos. As diferentes ações biológicas das cininas são mediadas por dois receptores, denominados B1 e B2, que pertencem à superfamília de receptores acoplados à proteína G. Esses receptores diferem entre si quanto à expressão, pois enquanto os receptores B2 são expressos constitutivamente em diferentes tecidos, os receptores B1 são pouco expressos, ou ausentes, em tecidos sadios. Contudo, sabe-se que a expressão do receptor cininérgico B1 é rapidamente induzida em situações de lesão tecidual e inflamação. Uma vez que, o SCC já foi identificado na pele e as cininas são mediadores amplamente gerados em processos inflamatórios, houve o interesse de avaliar a participação desse sistema em desordens inflamatórias cutâneas. Estudos anteriores, realizados em nosso laboratório, demonstraram o envolvimento do SCC na modulação de processos inflamatórios crônicos, como a psoríase. Onde foi observada a participação das cininas na hiperproliferação epidérmica e migração de células inflamatórias. Contudo, sabe-se que o componente imune está diretamente envolvido no processo psoriático, desta forma, surgiu o interesse de elucidar a participação das cininas nos mecanismos envolvidos no desenvolvimento e manutenção da psoríase. Para isso, será utilizado um agonistas dos Toll Like Receptors 7/8 (imiquimod) para promover inflamação cutânea. Aplicações multiplas de imiquimod promovem uma resposta inflamatória semelhante às observadas em lesões psoriáticas, uma vez que, neste modelo as citocinas do eixo IL-23/IL-17/IL-22 estão elevadas, semelhante ao observado em pacientes. Assim, será realizada a avaliação da gravidade da psoríase induzida por múltiplas administrações de imiquimod em camundongos nocautes para os receptores cininérgicos, assim como, em animais WT (wild type) após a administração de antagonistas não peptídicos para os receptores das cininas (B1 e B2). Estes resultados visam auxiliar na elucidação da participação do SCC na formação e sustentação da resposta inflamatória crônica induzida por imiquimod, além disso, este estudo pode complementar e contribuir na terapia da psoríase.
11:00-11:20 - Alterações sensoriais e morfométricas em animais com diabetes experimental induzido por estreptozotocina - Daiany Darlly Bello Redivo
O diabetes mellitus é uma síndrome crônica complexa, caracterizada pela deficiência da produção do hormônio peptídico insulina ou pela resistência dos tecidos periféricos à ação de tal hormônio. Dentre as complicações relacionadas ao diabetes, a polineuropatia simétrica distal (PNDS) é a complicação mais prevalente, sendo a dor neuropática diabética (DND) sua manifestação mais relatada e debilitante, acometendo aproximadamente 90% dos pacientes e manifestando-se principalmente como alodinia e hiperalgesia. Os mecanismos relacionados à gênese das alterações sensoriais no diabetes não estão completamente elucidados, porém há um consenso de que alterações em vias metabólicas, resultantes da hiperglicemia, parecem contribuir de forma relevante para a patogenicidade da doença. Devido à origem multifatorial e complexa da polineuropatia diabética, o tratamento da DND inclui drogas pertencentes a diferentes classes farmacológicas, incluindo antidepressivos tricíclicos e antiepiléticos. Assim, torna-se vital não somente o melhor entendimento das vias envolvidas, mas também a busca de novas alternativas terapêuticas. Diversos autores nos trazem que alterações sensoriais estão intimamente relacionadas e perda da estrutura das fibras sensoriais, como diminuição na espessura da bainha de mielina, diminuição da proporção de fibras mielinizadas, além de alterações em células de suma importância, como as células de Schwann. Dessa maneira, poderiam os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (AGPI-n3), os quais são considerados nutrientes essenciais e possuem diversas atividades biológicas, dentre elas serem constituintes essenciais das membranas biológicas, influenciar de maneira benéfica nessa perda sensorial?
11:20-11:40 - HMGB1 e Nicotina como possíveis alvos terapêuticos para sepse - Mariane Cristina Guttervill Leite
A sepse é uma condição que resulta de uma nociva e prejudicial resposta do hospedeiro à uma infecção. Muitos dos componentes da resposta imune inata que são normalmente envolvidos com as defesas do hospedeiro contra a infecção podem, sob certas circunstâncias, causar danos nos tecidos e nas células levando, a falência múltipla de órgãos, o marco clínico da sepse. Devido à alta taxa de mortalidade na sepse, muitos esforços têm sido feitos para melhorar a compreensão da desregulação da resposta do hospedeiro. E com isso muito se aprendeu sobre os princípios que regem as interações bactéria-hospedeiro, e assim novos alvos terapêuticos surgiram. Pacientes com sepse apresentam níveis séricos elevados de HMGB1, e níveis elevados estão associados com aumento na mortalidade, sugerindo que uma intervenção clínica que neutralize a HMGB1 pode ser uma opção viável. A HMGB1 foi recentemente identificada como um produto de macrófagos tipo citocinas que aparece tardiamente após a estimulação LPS e pode representar um alvo para intervenção farmacológica. Em ratos injetados com LPS, as concentrações séricas de HMGB1 aumentaram após cerca de 24 horas. O neurotransmissor acetilcolina inibe a liberação de HMGB1 de macrófagos humanos pela sinalização através de um receptor de acetilcolina nicotínico. A nicotina, um agonista colinérgico seletivo, é mais eficiente do que a acetilcolina e inibe a liberação de HMGB1 induzida tanto por endotoxina ou fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α). A estimulação nicotínica impede a ativação da via NF-kB e inibe a secreção de HMGB1 . In vivo, o tratamento com nicotina atenua os níveis séricos de HMGB1 e melhora a sobrevivência em modelos experimentais de sepse, mesmo quando o tratamento é iniciado após o início da doença. Em um estudo de Yegen et al., a administração de nicotina a longo prazo em ratos reduziu o dano oxidativo induzido por sepse em vários tecidos, e parece envolver a inibição da atividade dos neutrófilos nos tecidos inflamados. A administração crônica de nicotina, reduziu a peroxidação lipídica, a atividade da mieloperoxidase e preveniu a depleção de GSH. Esses achados sugeriram que a ingestão de nicotina antes da indução da sepse, não teve um efeito deletério mas sim, houve uma melhora do estresse oxidativo em órgãos alvo da sepse. Apesar dos riscos para a saúde de produtos químicos tóxicos e / ou carcinogénicos do tabaco, a nicotina parece ter efeitos benéficos na resposta inflamatória sistêmica. Assim, a administração de nicotina e de intervenções clínicas que possam neutralizar ou bloquear a HMGB1 são opções viáveis no tratamento farmacológico da sepse e esses pontos serão abordados nesta mini-conferência.
11:40-12:00 - Experiências vividas por gerações anteriores podem nos afetar? - Janiana Raíza Jentsch Matias de Oliveira
Anteriormente acreditávamos que todas as nossas características eram moldadas por dois fatores: a informação genética que nós herdamos de nossos pais e a influência do nosso meio. Entretanto, o seqüênciamento genômico trouxe uma rápida expansão do conhecimento e proporcionou o surgimento das pesquisas epigenéticas. Entre os objetivos deste novo campo da ciência está o estudo de como padrões de expressão (alterações epigenéticas) podem ser transmitidos para os descendentes. Dessa maneira, um estudo recente explorou como uma experiência comportamental dos pais antes da concepção de seus filhos foi capaz de influenciar significativamente a estrutura e a função do sistema nervoso sensorial de seus descendentes. Todavia, estudos futuros são necessários para determinar o quão importante são essas descobertas em seres humanos. Desvendar o código epigenético nos ajudaria na compreensão não só desses mecanismos de herança, mas também de diversos processos como a susceptibilidade a inúmeras doenças. Nesse sentido, as pesquisas de um novo campo da farmacologia, a farmacoepigenômica, podem contribuir com a descoberta de novos biomarcadores e de drogas capazes de reestabelecer ou de promover a reprogramação epigenética.
12:00-12:20 - Mecanismos de navegação espacial - Laura Milena Nítola Pulido
A habilidade de navegação é crucial para a supervivência dos indivíduos. Este processo está fortemente relacionado à atividade de uma região cerebral conhecida como hipocampo, aonde é possível encontrar neurônios de lugar. A característica principal desses neurônios é que a sua frequência de disparo aumenta em regiões específicas do ambiente, conhecidas como campos neuronais. Os neurônios de lugar, em conjunto, conformam um mapa cognitivo do espaço ambiental aonde o individuo navega. A formação desse mapa está determinada pela informação visuoespacial, porém ela é modulada pela informação de auto-movimentação (fornecida pelo sistema vestibular) e pela velocidade em que o individuo se locomove (informação fornecida pelo fluxo ótico); estes dois parâmetros vão influenciar na precisão, exatidão e na resolução do mapa cognitivo. Assim, se o individuo se locomove com uma velocidade maior do que o normal (por exemplo, uma pessoa que dirige um carro ou bicicleta) os campos neuronais serão maiores e o mapa cognitivo perderá resolução; da mesma forma, se o individuo permanece estático e o espaço ao seu redor se desloca (como acontece com os indivíduos que viajam em um ônibus) a precisão dos campos neuronais vai diminuir. Além do hipocampo, outra estrutura que está envolvida com a navegação é o estriado, e particularmente a região dorsolateral. O estriado dorsolateral está relacionado com a navegação baseada em sequencias (por exemplo, vira duas vezes à direita, vira uma vez à esquerda). Esta região pode complementar a função do hipocampo ou concorrer com o hipocampo, dependendo das características da tarefa e da quantidade de treino que o organismo tem. Então, nas fases iniciais do treino a navegação será realizada baseada nas dicas espaciais e dependerá do hipocampo, ao passo que nas fases mais avançadas do treino, a navegação será baseada em sequencias e será dependente do estriado dorsolateral.
12:20-14:00: Intervalo para almoço
14:00-15:30 - Plantas medicinais: uso popular X uso científico
Palestrante: Dra. Élide Pereira dos Santos.
15:30 - Finalização
*Cronograma sujeito a alterações.